Com a volta triunfal de Street Fighter IV e a chegada de Tatsunoko vs Capcom, era questão de tempo vermos um novo Marvel vs Capcom. Talvez o jogo de luta mais adorado da última geração de consoles, esse é o título que prometeu mundos e fundos para os fãs. Uma cartilha generosa de personagens, arrebatador estilo gráfico e a jogabilidade acessível e complexa ao mesmo tempo.
A lista de promessas é enorme, assim como a expectativa dos fãs. Desde o anúncio com um vídeo espetacular, até os jogadores mais desligados no gênero de luta começaram a sonhar em colocar as mãos em um controle para mais uma vez jogar com Ryu, Homem Aranha, Homem de Ferro e companhia. Para saber se essa espera foi válida leia a análise a seguir.
Arte e pancadariaA escolha pela mudança do estilo gráfico foi a primeira bola dentro da Capcom. Ao abusar do uso de cores fortes e exagerar nos traços da arte de cada personagem, o visual do jogo ganha muito. Os gestos, movimentação e até as expressões faciais dos lutadores se tornam mais perceptíveis e bonitas com esse estilo gráfico. Não é nada revolucionário, afinal já vimos algo semelhante em Street Fighter IV; no entanto, é algo que torna o jogo melhor. Para os olhos acostumados com a loucura e rapidez dos videogames, é um atrativo a mais, pois não faltam luzes, raios e especiais que preenchem a tela com de cores e efeitos de encher os olhos.
Os cenários também se beneficiaram desse quesito. A movimentação no background de cada uma das fases é ativa e não pára um segundo. A não ser, é claro, quando a luta se dá na sala de treinamento. O destaque fica para o Daily Bugle, uma arena no centro da Times Square, com balões do Cabeça de Teia flutuando a todo momento. E como cenário mais belo do jogo temos Asgard. Além de ser uma surpresa no jogo, Thor também ganhou uma arena de alto nível, com um cenário digno dos deuses nórdicos e lotado de criatura mitológicas. Todos os os outros personagens, principalmente os novos, como Chris Redfield e Deadpool, tem trejeitos próprios. No caso de Chris, músculos gigantescos que o permitem lutar com o Hulk, e o mercenário da Marvel tem todo um estilo próprio, desde inúmeras piadas até o Moonwalk quando vai andar para trás. Estilo é o que não falta.
Acessibilidade é a primeira regraAlém de ter personagens mundialmente conhecidos, Marvel vs Capcom sempre fez sucesso por ser um jogo acessível. A jogabilidade desenvolvida pela Capcom permitia que novos jogadores se sentissem a vontade ao jogar, e também desfiava hardgamers a encontrar os combos e possibilidades mais complexas possíveis. Isso continua a ser a regra principal da série. Diversão e acessibilidade aqui é prioridade.
Com a força dos golpes divididos entre três botões (fraco, médio e forte), e quarto o Launcher (que lança o adversário no ar para iniciar o Air Combo), com algumas horas de treino com um personagem simples (Ryu, Dante, Wolverine), você já estará pronto para dar belos golpes e brincar com a galera. Não há muito mistério para se divertir e dar ótimos especiais em Marvel vs Capcom 3. Por outro lado, os jogadores profissionais também acharão uma série de possibilidades para explorar. A união da simplicidade com a complexidade fica evidente ao partir para o modo online. Quando você se depara com um senhor capaz de proferir loopings absurdos ou mesmo combos combinados pra lá dos 100 hits, conseguirá entender que um jogo como esse requer muito treino para se tornar um pro gamer.
Dois mundos como opçãoA lista de personagens talvez seja a parte mais importante de um jogo como Marvel vs Capcom. Enquanto no segundo jogo a produtora colocou mais de 50 nomes disponíveis, dessa vez o número caiu um pouco, temos 36. Cá entre nós, um bom número. Isso fica claro quando vemos os principais personagens de cada empresa apresentados na hora de escolher o lutador. Óbvio que sempre vão existir reclamações, afinal não temos Megaman ou Ken, mas nunca é possível agradar a grego e troianos. No fim das contas, os dois mundos são muito bem representados.
Contudo, por mais que a escolha dos personagens tenha sido feita de maneira correta, temos aqui o primeiro defeito deste jogo. O desequilíbrio de lutadores. Pelo lado da Capcom, Dante é talvez o lutador mais forte de todo o jogo. Além de ter golpes extremamente fortes, são inifinitas as possibilidades de combinação. Óbvio que foi um acerto dos desenvolvedores conseguirem colocar quase todas as habilidades que o caçador de demônios tem nos jogos de Devil May Cry, mas ele acaba sendo um diferencial na hora da luta. Dante é forte até sem lutar; como um ajudante, ao apertar RB ou R1, ele sempre libera poderes fortíssimos.
E estreando ao lado dele, está a companheira Trish, tão forte quanto. O restante dos lutadores da produtora japonesa são conhecidos e são bem simples de se controlar. Ryu, Akuma e Chun-Li são fortes, carismáticos e bons como sempre. A novidade ficou por conta de Amaterasu, o cachorro de Okami, Spencer, de Bionic Command e Wesker, vilão de Resident Evil. O primeiro e o último são personagens fortes com especiais bem eficientes que preenchem a tela inteira, ótimos para jogadores inexperientes.
A Marvel trouxe várias novidades. As principais escolhas não devem mudar muito. Homem Aranha, Wolverine, Homem de Ferro, Tempestade, Sentinela e Capitão América continuarão a ser regra, mas com o desequilíbrio do jogo e a adição de personagens como M.O.D.O.K e Fênix, o padrão dos dream teams podem mudar. Esse dois são lutadores difíceis de controlar, especialmente M.O.D.O.K. Mas com alguns dias de treino é difíficl derrotar mum bom jogador no controle dessa cabeça flutuante. A variedade de golpes e capacidade de sempre antecipar os golpes adversários torna ele um dos caras mais fortes do jogo.
Desses todos, o mais forte, sem dúvida é Sentinela. Com um dano absurdo e uma resistência alta, é a primeira escolha para jogadores experientes, acostumados com um personagem lento mas extremamente eficiente. Do trio de ferro, a novidade fica para o dano duplo feito pelo Shield Slash do Capitão e o novo hyper combo do Homem de Ferro. Segundo os produtores, todo esse desequilíbrio foi uma escolha proposital, afinal, seguir o exemplo do segundo game, onde tínhamos 50 personagens e as lutas se limitavam a 12 ou 15 escolhas, seria a melhor aposta. Fato é que o desbalanceamento garante diversão initerrupta e, por incrível que pareça, um equilíbrio na hora multiplayer. Lógico que os experientes e viciados sempre terão vantagem, afinal é uma questão de habilidade; porém com esse desequilíbrio, as chances de um jogador inexperiente se dar bem aumenta e junto com isso leva a diversão para as alturas.
Alguns tiros no péApesar de ter cumprido boa parte da promessa feita antes de lançar o jogo, os produtores cometeram alguns erros crassos em Marvel vs Capcom 3. A começar pelo incompleto modo online do jogo. Após ter conseguido atingir um nível excelente em Street Fighter IV, a Capcom regrediu e não permite que você escolha seus adversários ou mesmo assista lutas enquanto espera. Nada de gravar lutas também. Não fosse o jogo tão divertido, e possuísse um fator multiplayer local tão bom, isso seria algo que prejudicaria muito o título. É um ponto fraco sim, mas nada que atrapalhe a experiência. Sem mencionar também o Licence Card, algo completamente inútil e que quase nunca condiz com a realidade. Em um jogo que permite a um novato vencer várias partidas e realizar combos inimagináveis, fica complicado levar em conta o número de mega hits escritos no registro do adversário.
O outro erro fica por conta da escolha de alguns personagens inexpressivos. Havia necessidade de colocar a X-23 com o Wolverine ali do lado? O que dizer então da sem graça She Hulk? E o que era para ser o grande vilão do jogo (o último chefe é Galactus, por sinal, bem fácil de ser derrotado), Dormammu, aparece como um personagem simples, com pouca variedade de golpes e sem apelo algum. A diversão aqui é algo que não se discute, sempre haverá alguém afim de lutar e será uma jogatina muito prazerosa. No entanto, podiam ter acrescentado outros modos de jogo, extras e por que não, outros personagens destraváveis. Não há menor dúvida que veremos isso daqui a pouco com os DLC’s; mas poderiam ter caprichado mais, implementado novidades e ousado um pouco mais. A série merecia e tem crédito para isso.
Para a felicidade geral da naçãoMarvel vs Capcom 3: Fate of Two Worlds está longe de ser um jogo perfeito. Conta com um série de falhas online, alguns personagens descartáveis e um desequilíbrio intenso. Porém, de alguma forma, tudo isso torna esse um dos melhores títulos de luta da geração. A junção de um novo estilo gráfico, novos personagens, cenários exuberantes e o melhor, uma jogabilidade acessível faz com que nenhum fã saia decepcionado depois de jogá-lo.
Ao colocar o disco no console, a diversão é garantida. As horas e horas de pancadaria com os personagens mais famosos do mundo pop voltaram com louvor. Não há motivos para não se jogar e comprar esse título. Goste ou não de jogo de luta, eis aqui um jogo que valerá cada centavo gasto na compra. Com a concorrência de Mortal Kombat prestes a ser lançado, Marvel vs Capcom 3 parte de forma isolada na liderança pelo melhor jogo de luta do ano.
FONTE: GAMUS